O prazer da refeição dura pouco para os 20 milhões de brasileiros que, segundo a
Organização Mundial da Saúde, são obrigados a lidar com a queimação no estômago
causada pela azia. O número levantado já é alto, mas tende a ser ainda maior, já
que a maioria das pessoas que convive com o problema dificilmente busca um
especialista na tentativa de resolvê-lo. "A maioria dos pacientes procura, por
conta própria, medicamentos ou soluções naturais para amenizar o desconforto",
afirma o gastroenterologista Luiz Eduardo Rossi Campedelli, do Hospital Albert
Einstein. "Os sintomas acabam melhorando temporariamente, mas voltam a incomodar
em pouco tempo sem tratamento médico".
A azia é causada pelo refluxo de ácido gástrico (responsável pela digestão dos
alimentos): ele segue do estômago para o esôfago, como se fosse retornar à boca.
"Esse
refluxo, por sua vez, é causado
pelo mau funcionamento de uma espécie de válvula, chamada esfíncter: ela se abre
para o alimento passar do esôfago para o estômago e, em seguida, deve se fechar
para reter o que foi ingerido e também os sucos gástricos que circulam por ali",
explica o gastroenterologista Ricardo Blanc, membro da Sociedade Brasileira de
Gastroenterologia
O tratamento do problema pode até incluir o uso de medicamentos, mas os
especialistas garantem que só isso não funciona. O método mais eficiente contra
a queimação no estômago é a mudança de hábitos tanto em relação à sua dieta
quanto à forma como os alimentos são consumidos. "Mastigando bem os alimentos,
por exemplo, você facilita o trabalho do estômago, que pode produzir menos
ácido", afirma o gastroenterologista do Einstein. Os cuidados são todos muito
simples, mas fazem uma tremenda diferença na sua digestão, acompanhe todos eles
para começar e encerrar suas refeições com muito prazer.
Cardápio selecionado Controlar o consumo de alguns
alimentos ajuda a evitar crises de azia. De acordo com gastroenterologista Luiz
Eduardo Rossi Campedelli, do Hospital Albert Einstein, frituras e alimentos
muito gordurosos devem ficar longe do prato de quem sofre com azia. Frutas
ácidas, condimentos, embutidos e alguns tipos de
verduras, como couve, couve flor, brócolis, repolho, nabo,
rabanete, pepino e tomate também devem ser evitados, porque tem ph ácido.
Refeições na hora certa
Passar longos períodos em jejum
aumenta as chances de azia. Isso acontece porque, quando uma pessoa fica sem
comer, o ácido gástrico se acumula e pode refluir, irritando o final do esôfago.
"Comer a cada três horas mantém o sistema digestivo em funcionamento, sem
sobrecarga na produção de ácido gástrico", explica o gastroenterologista Luiz
Campedelli.
Leite
Pratos que transbordam
Quem
exagera no prato também corre maior risco de ter azia. "Quanto maior o volume de
alimentos ingeridos de uma vez, maior será o risco que o suco gástrico atinja o
esôfago, já que estômago estará superlotado", explica Luiz Campedelli.
Exercícios após a refeição
Segundo o
gastroenterologista Ricardo Blanc, muita movimentação física aumenta as chances
de refluxo. Até duas horas após uma grande refeição, o estômago ainda acumula ácidos gástricos em maior quantidade e os movimentos podem fazer
com que esses líquidos retornem em direção ao esôfago, causando a
queimação.
Leite gelado durante uma crise
Tomar um copo de leite gelado pode até piorar a queimação. "O
alívio que você sente ao tomar um copo de leite é momentâneo. A bebida tem pH
baixo (o que neutraliza a acidez estomacal). No entanto, é rica em
cálcio, mineral que estimula a produção
de ácido gástrico pelo estomago", alerta Luiz Campedelli. Além disso, o leite,
em sua versão integral, é rico em gorduras, outro componente que aumenta as
chances de azia. O mesmo processo não acontece com o leite de soja, que não
possui grandes quantidades de cálcio e é livre de gorduras. "Um copo de leite de
soja gelado traz alívio, assim como alguns goles de água gelada".
Café depois do almoço
Outro hábito bastante comum que
deve ser evitados por pessoas que sofrem com azia é tomar café após a refeição.
"A cafeína provoca um relaxamento demasiado no esfíncter, causando o refluxo de
ácido digestivo para o esôfago. Duas xícaras diárias é o máximo recomendado para
uma pessoa que sofre com crises de azia", diz o gastroenterologista Vladimir
Schraibman, especialista do Minha Vida.
Cerveja
Tomar chá preto
De acordo com o
gastroenterologista Vladimir Schraibman, especialista do Minha Vida, assim como
o café, o chá preto e o chá mate provocam o relaxamento do esfíncter,
facilitando o refluxo e aumentando as chances de azia. Chás mais claros ou o chá
verde não causam o mesmo efeito, podendo ser consumidos sem preocupação. O chá
de camomila, por sua vez, possui características calmantes que diminuem a
irritação da parede do esôfago atingida pelo refluxo gástrico.
Sono após comer
Deitar-se após as refeições deixa o corpo em uma posição que facilita o refluxo
dos ácidos digestivos que provocam a azia. Caso você seja vítima do problema, o
ideal é permanecer sentado, pelo menos, meia hora após o término da refeição e,
só após este intervalo, dar um cochilo.
Riscos do álcool Além de irritar
naturalmente o sistema gástrico, o álcool também estimula a produção de ácido
pelo estômago e diminui a capacidade de contração da válvula que impede o
refluxo. Por isso, evite esse tipo de bebida durante as refeições como medida
preventiva. Também não é recomendável beber com o estômago vazio, prevenindo o
acúmulo de ainda mais ácidos digestivos.
Mais uma do
cigarro
A azia é mais um incômodo que pode ser colocado na lista
de malefícios que o fumo traz ao corpo. "Além de causar problemas sérios no
pulmão, o
cigarro também diminui a
proteção da mucosa do estômago, deixando o órgão mais sensível à irritação
causada pelo ácido gástrico", afirma Ricardo Blanc. É por esse motivo também que
o cigarro aumenta as chances de úlcera no estômago.
Mais uma do cigarro
A azia é mais um incômodo que pode
ser colocado na lista de malefícios que o fumo traz ao corpo. "Além de causar
problemas sérios no pulmão, o
cigarro
também diminui a proteção da mucosa do estômago, deixando o órgão mais
sensível à irritação causada pelo ácido gástrico", afirma Ricardo Blanc. É por
esse motivo também que o cigarro aumenta as chances de úlcera no estômago.
Líquidos durante a refeição
Bebidas gaseificadas
aumentam a pressão dentro do estômago, forçando os ácidos digestivos a seguirem
em sentido inverso (refluxo gástrico). Outras bebidas, em excesso, acabam
diluindo o ácido gástrico e obrigando o estômago a produzi-lo em maior
quantidade. "Ardência e queimação são resultados possíveis quando há consumo
exagerado de bebidas junto às refeições", afirma o gastroenterologista Ricardo
Blanc.